[imagem: Estação Ferroviária do Tua, 29 de Julho de 2023]
A 16 de Setembro de 1855, Portugal entrou na era da comunicação instantânea, ao inaugurar a sua primeira linha telegráfica eléctrica, com uma extensão de 25 km. Este momento não foi apenas um marco tecnológico, mas também um salto gigantesco para a sociedade portuguesa, ao impulsionar o país para a modernidade sob a égide de Fontes Pereira de Melo, então ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria.
Esta proeza, embora tenha passado quase despercebida na imprensa da época, ofuscada pela coroação de D. Pedro V e encoberta nos seus pormenores por segredos militares, representou um dos mais significativos avanços nas telecomunicações do século XIX. A introdução da telegrafia eléctrica permitiu a transmissão de mensagens numa questão de minutos, uma realidade antes inimaginável, e que desafiou as barreiras do espaço e do tempo.
Ligação a todo o país e à Europa
A rapidez com que as linhas telegráficas se expandiram pelo território nacional é um testemunho da visão de futuro dos líderes da época. De meros 32 km de linhas em 1855, o país viu os cabos da sua rede telegráfica desenrolarem-se para 677 km após apenas um ano, e para 1571 km no final de 1857, tecendo uma rede de comunicações que uniria não só cidades e vilas dentro de fronteiras, mas que também viria a ligar o país ao resto do Continente Europeu.
Embora a era do telégrafo tivesse vindo a ser gradualmente ultrapassada por tecnologias mais avançadas, a sua herança permanece viva, ao recordar-nos de um tempo em que cada palavra contava, e a capacidade de comunicar rapidamente a longas distâncias era uma novidade revolucionária.
Num olhar retrospectivo, o telégrafo não foi apenas uma ferramenta de comunicação; foi um verdadeiro símbolo do progresso, um catalisador para a mudança social e económica, e um testemunho da incansável procura dos próximos limites a serem superados. A história do telégrafo em Portugal é, sem dúvida, uma das páginas mais fascinantes da narrativa humana rumo à aldeia global.
